Helicóptero Bell UH-1H

A AQUISIÇÃO

O processo de aquisição da aeronave iniciou em seu arremate em leilão realizado no dia 28/11/2018. Em 4 de dezembro do mesmo ano, foi protocolado um pedido de autorização junto ao Governo dos Estados Unidos, para que o Governo do Brasil transferisse a posse da sucata do Helicóptero H-1H ao Museu Militar Brasileiro, assegurando que a aeronave não seria utilizada para outros fins que não a exibição da mesma em seu acervo. O processo de análise e consequente aceite por parte do governo americano perdurou nove meses, quando então o Museu Militar Brasileiro foi comunicado da liberação autorizada pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos, em setembro de 2019.

Este processo é padrão para os materiais adquiridos através do Programa Foreign Military Sales (FMS), que é uma espécie de assistência de segurança autorizada pela Lei de Controle de Exportação de Armas (AECA). Uma das cláusulas da lei supracitada é que todo material adquirido junto ao Departamento de Defesa dos Estados Unidos deverá necessariamente possuir a certificação do end user, ou seja, uma autorização expressa do Governo Americano do repasse destes itens a terceiros previamente identificados.

A AERONAVE

A aeronave multimissão Iroquois SH-1D / Bell 205D/H / UH-1D / SH-1H / UH-1H é um helicóptero usado em uma variedade de missões, como ataque, escolta, assalto aerotransportado, busca e salvamento em combate, transporte de tropas e evacuação aeromédica, entre outras. Foi um dos helicópteros mais vendidos de todos os tempos. Produzido pela Bell Helicopter Textron, teve cerca de 16.000 unidades produzidas entre 1956 e 1987.

Após serem implementadas atualizações no modelo Bell 204, os protótipos desenvolvidos do Bell 205 contavam com um rotor principal de maiores dimensões e uma fuselagem maior, capaz de acomodar de 12 a 14 soldados. Duas versões com motores diferentes foram produzidas – uma com um motor de 1.100shp e uma equipada com o Motor Lycoming T53 L-13 de 1.400shp, que teve 4.900 exemplares produzidos.

A sua designação inicial, HU-1, de “helicóptero utilitário” (a letra “U” refere-se a “Utilitário”, em contraste com as versões de ataque e transporte), levou-o a ganhar o apelido “Huey”.

A GUERRA DO VIETNÃ

O modelo teve uma atuação massiva na Guerra do Vietnã quando chegou em território asiático em 1963, com aproximadamente 7.000 unidades usadas pela Força Aérea Americana no conflito, inclusive o exemplar exposto.

Neste conflito, foram abatidos 2.202 pilotos e perdidas aproximadamente 2.500 unidades, durante combates, e em acidentes de operação.

A aeronave podia carregar quase 2 toneladas de equipamentos na cabine ou 2 toneladas e meia em cabos externos. Também era um helicóptero de combate potente, disparando foguetes de 70mm, metralhadoras M60 com cartucho 7,62mm NATO e M134 miniguns.

O segredo do sucesso do Huey era um motor com turbina a gás que podia funcionar mesmo em temperaturas mais altas e em ar menos denso. A aeronave também era muito mais leve que os motores de helicópteros de modelos passados.

BRASIL

Conhecido por seus apelidos “Sapão” e “Hzão” e pelo inconfundível som de suas pás, o UH-1H atuou na Força Aérea Brasileira por 51 anos, onde ficou ativa de junho de 1967 até outubro de 2018. Os primeiros foram alocados no Esquadrão Pelicano (2º/10º GAV), mesmo Esquadrão que sediou a sua despedida em 2018.

Os primeiros exemplares do Bell 205 foram adquiridos pela FAB EM 1964. Foram recebidos inicialmente seis SH-1D (matrículas FAB 8530 a 8535), para utilização em missões de busca e salvamento (SAR) pelo 2º/10º Grupo de Aviação, e oito UH-1D (matrículas FAB 8536 a 8543), os quais foram empregados inicialmente pelos Esquadrões Mistos de Reconhecimento e Ataque.

Em 1972, chegaram os primeiros de 34 exemplares do UH-1H, os quais receberam as matrículas FAB 8650 a 8683. Dessas aeronaves, 26 (FAB 8650 a 8675) eram provenientes do US Army, enquanto as restantes 8 (FAB 8676 a 8683) eram aeronaves que haviam sido previamente utilizadas pela Força de Defesa de Israel. Alguns dos SH-1D/UH-1D foram atualizados para o padrão UH-1H posteriormente.

Em 1996, foram adquiridos mais 20 exemplares do UH-1H, usados, do US Army. Matriculados FAB 8684 a 8703, esses helicópteros foram distribuídos aos 1º/8º Grupo de Aviação, 5º/8º Grupo de Aviação e 7º/8ª Grupo de Aviação. Essas aeronaves são dotadas de equipamento NVG (“night-vision-goggles”), o que permite sua operação à noite.

A aeronave, versátil e de larga produção, auxiliou em resgates de terremotos, incêndios, enchentes e acidentes tanto no Brasil, em todas suas regiões, como no exterior. Atuou também em missões de busca e salvamento, de emprego armado, operações de vacinações no interior da Amazônia, demarcações de fronteira, apoio à população em catástrofes naturais, apoios à Polícia Federal e ações cívico-sociais.

A história da aeronave encerra as atividades com um currículo de resgates históricos e marcantes, como o auxílio prestado às vítimas do terremoto no Peru, em 1970, onde foram evacuados 577 desabrigados e 211 feridos; o incêndio no Edifício Joelma, em 1974; as enchentes em Santa Catarina, nos anos 1974, 1982 e 2008; o resgate das vítimas do Boeing da Transbrasil; o resgate das vítimas do Varig 254, em 1989, e o resgate das vítimas do Gol 1907, em 2006, completam o currículo da aeronave.

Sem falar das inúmeras missões de que o esquadrão participou e que não ganharam divulgação ou destaque na mídia, mas que envolveram grande esforço de pessoas e tripulações que buscaram preservar a vida, que é o bem mais precioso.

Ao todo, a Força Aérea Brasileira recebeu 68 helicópteros H-1H entre 1967 e 1997, entre 5 lotes distintos. O seu processo de aposentadoria iniciou em 25 de junho de 2012, através da Lei nº 12.679, onde foi autorizada a doação de quatro aeronaves para a Força Aérea Boliviana, onde deveriam servir para o combate ao narcotráfico.

O modelo teve uso civil no Brasil, embora fosse uma aeronave fabricada principalmente para uso militar. A Líder foi um dos operadores, e tinha duas aeronaves modelo 205A-1.

Com a aposentadoria dos helicópteros H-1H, quem assume a posição multimissão na Força Aérea Brasileira são os H-60 Blackhawk.

FICHA TÉCNICA:

A AERONAVE EXPOSTA FOI RECEBIDA PELA FORÇA AÉREA BRASILEIRA EM 25 DE OUTUBRO DE 1972 E FOI DESCARREGADA NO PARQUE DE MATERIAL AERONÁUTICO DE SÃO PAULO (PAMASP) EM 15 DE MARÇO DE 2007

Origem e Fabricação: EUA

Fabricante: Bell Helicopter

Tipo: helicóptero de emprego múltiplo

Motores: uma turbina Lycoming T53-L138 de 1400 SHP

Velocidade máxima: 290km/h

Razão de ascensão: 488m/min

Alcance: 575 km

Teto operacional: 3840m

Peso: 2309kg (vazio) / 4309kg (máximo decolagem)

Dimensões: 12,77m fuselagem / 4,42 altura / 14,63m diâmetro rotor principal / 2,51 largura

Equipamentos: visores NVG (Night Vision Goggle), ANVIS-6 da ITT

Armamento: metralhadoras laterais e frontais fixas e/ou móveis de 7,62mm, lança-foguetes em pilones externos

Experiência em combate: Guerra do Vietnã, Guerra das Malvinas (Argentina), (EUA e Austrália), Conflito Irã/Iraque (Irã), El Salvador