Viatura brasileira teve início ainda na sua produção ainda na década de 1960, com o regime militar. Nessa época, o governo começou a investir na construção de uma indústria de defesa, em um momento em que os Estados Unidos passaram a limitar a venda de armas para a América Latina. O investimento também atendia ao projeto de transformar o Brasil em potência bélica e contribuía para a industrialização do país de modo geral. O auge da indústria ocorreu entre os anos 1970 e 1980, com a atuação de empresas brasileiras privadas como Engesa e Avibrás, capazes de fabricar produtos tecnologicamente avançados. A primeira, fabricante de veículos de reconhecimento e combate, como os blindados Cascavel e Urutu, que tiveram grande aceitação internacional, e a segunda, de mísseis, foguetes e plataformas de lançamento. A Engesa exportou blindados para mais de 20 países no Oriente Médio e na África. As receitas anuais de exportação somaram mais de US$ 53 milhões, no período 1977–82, e US$ 122 milhões, no período 1983–88. No artigo “A indústria brasileira de defesa: o setor de carros de combate e a Engesa”, os professores Eduardo Strachman e Eduardo Becker avaliam que a Guerra Irã-Iraque (1979–88) foi a principal responsável pela promoção das exportações bélicas. “Entretanto, o término das hostilidades entre aqueles dois países em 1988, aliado à grande crise de demanda internacional verificada após o fim da corrida armamentista, atingiu negativamente toda a indústria bélica brasileira”, afirmam os professores. No caso da Engesa, o calote de US$ 200 milhões em compras feitas pelo Iraque e o cancelamento de encomenda do blindado Osório pela Arábia Saudita, quando já haviam sido gastos US$ 100 milhões com o projeto, levaram ao fechamento definitivo da empresa, em 1993. Outros fatores que contribuíram para o declínio da indústria bélica brasileira foram, segundo os professores, o fim dos governos militares e a consequente queda dos investimentos no setor. Com isso, o segmento ficou sem o mecanismo que lhe dava estabilidade econômica.