História e Desenvolvimento
Os trabalhos tiveram início em 28 de junho de 1973, com autorização do DPET (Diretoria Pesquisa de Ensino Técnico) e apoio da Diretoria de Motomecanização, que abraçou a ideia. Em dois meses, construiu-se o blindado na Indústria Biselli, sob a supervisão do pessoal do PqRMM/2 (Parque de Motomecanização da 2ª Região Militar), o protótipo foi submetido a provas em Peruíbe-SP, com percursos em estradas de terra e asfalto, continuamente dia e noite, parando apenas para a substituição de motorista e abastecimento. A torre que equipava esse modelo era da Engesa. Posteriormente, uma nova torre foi projetada e desenvolvida na Bernardini e recebeu a designação inicial de B-90, em seguida, B-90 A1 (nos de série), onde foi adaptado o canhão francês 62-F1, calibre 90mm. A torre era toda em aço especial de 1″ de espessura, resistente a tiros de metralhadora .50 a 200 metros de distância. Esse blindado participou da parada de 7 de setembro de 1973, comandando as forças motorizadas em Brasília.
Com a aprovação formal do projeto, as empresas Biselli e Bernardini foram contratadas para a produção em série, coube então, à Biselli a produção seriada dessa versão, conhecida como X-1, cuja previsão inicial de produção era de 53 blindados. Os trabalhos de produção dessas viaturas ocorreram da seguinte forma: o PqRMM/2 recebeu os Stuart, desmontou e entregou a carcaça à Biselli, que recuperou a caixa de mudança e transmissão original do M-3 A1; a Biselli transformou a carcaça (aumento no comprimento, na largura e rebaixamento na silhueta), instalou o motor Deutz, a suspensão Bernardini (derivada do Trator M-4, rebocador de artilharia), a caixa de mudança e transmissão do M-3 A1 original, as lagartas produzidas pela nova tração, e toda a parte elétrica e de acessórios. O blindado saia da Biselli rodando e seguia para a Bernardini, que procedia a instalação da a torre e o canhão. Em seguida, no PqRMM/2, executava a instalação do armamento secundário e do equipamento de comunicações, os testes de estrada (200 a 300km) e de tiro de canhão 90mm (6 tiros).
Emprego no Brasil
O contrato previa a entrega inicial de 53 blindados de combate, podendo chegar até 113 unidades em um aditivo complementar do modelo agora designado como Viatura Blindada Carro de Combate MB-1, recebendo o codinome de Pioneiro. O processo de produção em série enfrentou uma série atrasos em seu cronograma original, pois entre a encomenda dos primeiros blindados de pré-série, em dezembro de 1973, e a entrega dos mesmos à tropa, em fevereiro/março de 1976, decorreram-se 27 meses. Dentre as principais causas dessa demora, pode-se citar: a proibição de importação de componentes no decurso da execução de pré-série; os problemas de know how de engenharia de projeto, de gerência e de crédito, na Bernardini, especialmente devido à falta de experiência; à expectativa de interrupção das encomendas, gerando desestímulos nas empresas envolvidas; o desvio de recursos e de atenção para os novos projetos (X-1 A1 e X-1 A2). Produziram-se dezessete blindados de classificação como pré-séries, os quais foram incorporados ao 4º Regimento de Cavalaria Blindada, onde apresentaram problemas técnicos e operacionais que foram sanados convenientemente. Da segunda série, composta de 16 blindados, 14 foram entregues ao 6 º RCB em abril de 1979, 1 levado para a AMAN (Academia Militar das Agulhas Negras) e 1 para a EsMB (Escola de Material Bélico). Tudo leva a crer pelos registros oficiais que estes foram os últimos produzidos nesta versão, neste período sua designação oficial passou a ser Carro de Combate Leve Pioneiro X1.
O projeto do Pioneiro, início da entrada do Brasil na área de blindados de lagartas, não foi tão bom quanto o dos blindados sobre rodas. Ele sofreu críticas, muitas delas duras, mas serviu de aprendizado para o Exército e para a indústria nacional. Em uso nestas unidades os X1 foram bastantes utilizados, pois com sua manutenção simples não apresentavam problemas técnicos de difícil solução, a não ser os transtornos causados pela ausência de materiais técnicos que deveriam ser elaborados pelo fabricante, o que prejudicava a manutenção preventiva. No entanto, alguns problemas crônicos de projeto assolariam a operação do modelo como a embreagem deficiente por conter apenas um disco, e a constante quebra de molas volutas (originarias dos tratores M4 e semelhantes nacionais) e o trincamento do garfo da polia tensora em função do peso elevado da roda tensora que solicitava exageradamente o garfo no deslocamento do blindado em alta velocidade sobre um terreno difícil. Paralelamente a essa produção, novos estudos foram sendo efetuados, visto que pretendia-se elaborar uma família inteira de blindados sobre o mesmo chassi. Alguns protótipos foram construídos, outros ficaram apenas no papel. A nova família usando a mesma plataforma X-1 compreendia: carro de combate X-1 Pioneiro, 35 exemplares; carro lançador de pontes XLP-10, 4 protótipos; carro lançador de foguetes XLF-40, 1 protótipo; carro socorro XCS, carro defesa antiaérea, carro porta-morteiro, construídos posteriormente; carro buldozer e carro destruidor de minas, apenas estudos efetuados. Em julho de 1978, um relatório da 4ª Subchefia do Estado-Maior do Exército sugeriu a interrupção da produção do X-1 e a transformação dos CCL M3 e M-3 A1 Stuart remanescentes em X1A2 e em viaturas blindadas especiais (porta-morteiro, antiaéreo, lança-ponte e lança foguete.
Ficha técnica:
Nome: Viatura CCL X1 Pioneiro
Motor: Deutz
Fabricante: Bernardini S.A & Biselli Viaturas e Equipamentos LTDA
País de origem: Brasil
Ano de fabricação: 1973 a 1994