Na segunda metade dos anos 70 o Estado Maior do Exército se preocupava em desenvolver um projeto de uma viatura blindada sobre lagartas para lançamento de ponte, o qual deveria ser construído sobre chassis de Viaturas de Combate.
Inicialmente foi nomeada uma comissão, composta por engenheiros do Instituto Militar de Engenharia – IME do Rio de Janeiro, que ficou encarregada de estudar e apresentar soluções para o projeto.
Esta comissão chegou a conclusão de que o sistema de lançamento deveria ser elétrico e foi então contratada a empresa privada Bernardini S/A Indústria e Comércio de São Paulo para a sua construção.
Paralelamente a este fato, e desconhecendo o mesmo, o Grupo de Trabalho – GT, formado por integrantes do Parque Regional de Motomecanização da 2ª Região Militar, PqRMM/2 de São Paulo, que faziam parte do CPDB – Centro de Pesquizas e Desenvolvimento de Blindados, devidamente autorizado pelo Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento de Exército – IPD, já estava trabalhando em um projeto similar, só que de acionamento hidráulico e este seria executado pela empresa privada Biseli Ltda, a mesma que já estava envolvida com o projeto da família X-1, que era as modificações para a modernização das viaturas de Combate leve M-3 e M-3 A1 Stuart, remanescentes da Segunda Guerra Mundial e que existiam em grande quantidade do Exército.
Ao tomar conhecimento do projeto do IME, o pessoal do CPDB apresentou algumas ressalvas quanto ao acionamento elétrico a saber:
- Lançamento não totalmente automático, o que obrigava o desembarque dos tripulantes para engate e desengate manual de cabos;
- Altura do conjunto excessiva;
- Lançador telescópio não funcional, pois ele tocaria o leito de rios de pouca profundidade.
Após a apresentação do relatório, a Diretoria de pesquisa e Ensino Técnico do exército – DPET optou pela solução hidráulica e concentrou todos os esforços em um único projeto sob a direção do CPDB em parceria com a Bernardini, visto que a Biselli havia se retirado do projeto X-1, o que de certa forma facilitou a execução do mesmo.
Assim foi possível aproveitar a base do protótipo de lançador de pontes já existente na Bernardini e que era um chassi modificado da família X-1 e sob a orientação do CPDB foi então feito um protótipo que transportava uma ponte de 10 metros de comprimento, construída em alumínio estrutural, possuindo uma base que desliza sobre o equipamento lançador hidráulico, permitindo o lançamento em apenas três minutos, totalmente automático, executando da mesma forma o seu recolhimento após o uso.
Com esta forma de funcionamento era possível a sua colocação sobre um rio ou uma vala ou até mesmo qualquer obstáculo sob fogo inimigo, pois a viatura transportadora era capaz de resistir a determinados calibres.
A ponte era moderna para os padrões da época, pois possuía uma grande flexibilidade, o que permitia sua acomodação mesmo em terrenos irregulares, através de um sistema de barras paralelas articuladas. Para a sua colocação ou retirada era necessário um único operador, no caso, o motorista da viatura.
Esta viatura foi oficialmente apresentada no desfile de 07 de Setembro de 1977 em Brasília e sua produção teve início logo em seguida, com a produção de apenas quatro exemplares, sem contar com o protótipo, e sua designação oficial passou a ser CCX-1-LP10 e ficou operacional no Exército Brasileiro em unidades que operavam as viaturas de Combate X-1 e X-1-A2 até que estas foram desativadas e substituídas por outras mais pesadas que não podiam utilizar-se deste modelo de lança ponte.
Podia também ser usada para outras aplicações como Guindaste, operando sem a ponte podia transportar cargas até 4 toneladas presas sobre suas vigas; Transposição de barrancos: que apoia as viaturas até uma altura de 1,50m, permitindo assim a transposição; Transposição de valas com degraus: permitindo o lançamento e recolhimento da ponte, mesmo que esta estivesse até 30cm abaixo do nível do solo.
Sem dúvida foi um aprendizado muito importante para os técnicos e engenheiros que estiveram à frente do projeto, visto que o uso do alumínio foi o grande desafio encontrado, tanto que empresas multinacionais chegaram a consultar suas matrizes para dar e fornecer informações importantes para a confecção da matéria prima necessária para a sua construção, tanto que gerou um novo projeto que não foi adiante, utilizando o chassi da Viatura de combate Médio Sherman M-4 e com uma ponte também de alumínio de 20 metros de comprimento.
Na atualidade o Exército Brasileiro não possui nenhuma viatura similar para este tipo de operação em apoio as suas Viaturas de Combate Leopard ! A1 e M-60 A3 TTS.
Pelo menos uma deveria ir para o Museu do Exército (Museu Conde Linhares), pois só no Rio de Janeiro dois ainda existem em condições precárias, mas que é possível uma restauração para serem preservados, um é o protótipo que se encontra na entrada do CTEx, na Marambaia e o outro é um dos de série e se encontra no Arsenal de Guerra, um terceiro está no Museu Militar de Panambi – RS, a ponte está completa, mas a viatura está faltando as lagartas e outros componentes, mas com capacidade de restauração.
Ficha Técnica:
A – Generalidades:
Viatura Utilizada: CCL-X1
Motor: Scania DS 11 diesel 6 cilindros em linha turboalimentado de 260CV
Suspensão: quatro bogies com duas rodas de apoio cada e molas volutas
Transmissão: original do M3 A1 Stuart, com 5 marchas a frente e 1 a ré
Comprimento da ponte: 10 metros
Duração do lançamento e recolhimento: 3 minutos cada
Tripulação: 2 homens + motorista + auxiliar
Armamento: uma metralhadora .30 e quatro lançadores de fumígina
Sistema de comunicação: rádio
Autonomia: 540km em estrada e 320 em terrenos irregulares
Inclinação lateral máxima: 30%
Inclinação lateral máxima para operar a ponte: 10%
Rampa Máxima: 50%
Raio de curva: 6m
Trincheira: 1,40m
Vau: 1,30m
Velocidade máxima: 55 Km/h
B – Ponte em alumínio:
Peso: 2.600 kg
Largura externa: 2,65m
Largura interna: 1,36m
Largura de cada pista: 0,64m
Vão máximo de utilização: 8 metros
Trilhos de lançamento: Acoplados as pistas de rolamento composta de vigas em aço estrutural em forma de “C” estando nelas uma pista de roletes onde se engata a roda dentada para a tração da ponte.
Travessas paralelas articulares: Foi projetada de maneira a tornar a estrutura da ponte passiva á torças, permitindo adaptar-se as irregulares das margens pela flexibilidade que as barras paralelas rotulas lhe prestam.
C – Sapatas de apoio:
Destina-se a evitar o embarcamento do carro quando do avanço total da ponte sobre as vigas de lançamento, principalmente com terreno inclinado.
São formadas de uma sapata com 2m x 0,30m, dois pistões hidráulicos e um braço de tração. Este sistema é mecanicamente disposto de maneira a apoiar a sapata sobre o solo mesmo em plano diferente daquele em que a viatura estiver.
D – Sistema Hidráulico:
- Corpo de comando com 3 alavancas;
- Reservatório de óleo com 50 litros;
- Bomba hidráulica acoplada diretamente ao motor por engrenagens;
- Dois pistões hidráulicos de sapatas;
- Dois pistões hidráulicos das vigas de lançamento;
- Motor hidráulico para avanço e retração da ponte;
- Válvula solenoide com sensor elétrico para evitar danos ao mecanismo pelo acionamento dos comandos fora da sequencia;
- Válvula reguladora de vazão e pressão;
- Tubulações rígidas flexíveis.